Título: O Colecionador
Autor: John Fowles
Editora: Civilização Brasileira

Pág: 246
Ano: 1963


Sinopse: O romance narra a história de Frederick Clegg, um funcionário público que coleciona borboletas e, subitamente, se torna dono de uma fortuna. Ele então passa a ter uma ambição: seqüestrar a bela Miranda, seu amor platônico. A trama se desenvolve com a disformidade da personalidade de Clegg, que tem a seu favor apenas a superioridade de força, contra a vitalidade e inteligência de Miranda que, contando com sua superioridade de caráter, confunde e ofusca o medíocre seqüestrador.

O livro conta a história de Fred (ou Ferdinand, ou Calibã, como ele será chamado no decorrer do livro), que é um típico cidadão considerado medíocre. Com um emprego comum, sendo de classe média, nem rico, nem pobre, nem lá, nem cá em nenhuma área da sua vida. Ele é "apaixonado" (é como ELE se define, eu definiria como obcecado, louco...) por Miranda, uma jovem que mora em frente a sua casa, e que ele "stalkeia", sabendo da história de sua família, que é um pouco desajustada, e de seus gostos, hobbies e atividades diárias.

Tudo muda em sua vida quando ele recebe um dinheiro de uma aposta, que é uma verdadeira fortuna, e começa a planejar o sequestro de Miranda. Ela está morando em Londres, onde estuda Artes, e ele decide ir para lá também. Compra uma casa, e de posse desta, faz todos os arranjos necessários, tendo em sua casa um porão e outro porão ainda mais abaixo, que é onde ele planeja manter sua prisioneira.

Quando enfim chega o dia do sequestro (e isso não é um spoiler, tá?), ele, que já conhecia toda a rotina de Miranda, a segue e a engana em uma rua deserta, onde ele a intoxica com clorofórmio e a leva para seu cativeiro. Lá, ele tenta tratá-la (na cabeça dele) como uma hóspede, dando-lhe tudo o que ela pede a respeito de comidas, roupas, itens de arte, mas privando-a, obviamente, do principal, que é sua liberdade. No decorrer do cativeiro, Miranda tenta diversas investidas a fim de fugir daquele local, porém sem sucesso, e sempre deixando Calibã ainda mais apreensivo em relação a ela.


O colecionador é um livro narrado em primeira pessoa, sendo dividido em 4 partes, sendo apenas a segunda parte narrada pela Miranda, através de uma espécie de diário que ela escreve enquanto está presa, e as outras partes narradas por Calibã e sua mente doentia. Acredito que essa estratégia de narração auxiliou muito na compreensão da história, pois podemos acompanhar os dois lados dos acontecimentos transcorridos, assim como os pensamentos e anseios de cada um.

Eu gosto desse tipo de leitura, de livros com um thriller psicológico, que fala sobre a mente dos psicopatas e etc, e por isso me interessei quando vi a resenha dele em um canal do Youtube. E o livro realmente não peca em nos deixar chocados com o quão perturbada pode ser a mente de uma pessoa, que realmente acredita que infligir esse tipo de privação no outro poderá fazê-lo se apaixonar ou que na verdade não se importa com o que quer que seja da vontade do outro, apenas em satisfazer seus próprios desejos sádicos.

Porém, confesso que, pela resenha que eu vi, eu esperava mais. Não me entenda mal, o livro é realmente pesado, e vai fundo na mente do Calibã e na descrição do desespero de Miranda, porém eu achei ele bem parado em muitos momentos, até um pouco arrastado. Na segunda parte, com a narrativa da Miranda, muito do que aconteceu na primeira parte se repete, agora na visão dela, e acho que isso fez a leitura ficar mais difícil e demorada pra mim, sendo a parte que eu mais demorei pra conseguir ler.

Não tem como fazer essa leitura como algo "relaxante", para simples distração. É um livro denso, tenso, e de difícil leitura. Tanto pela sua linguagem, visto que é um livro escrito em 1963, quanto pelo seu conteúdo, que é extremamente perverso, extremamente doentio.

Porém eu recomendo para aquelas pessoas que gostam de entender um pouco como funciona a mente humana, e para os que tem um estômago um pouco mais forte para as descrições feitas no livro.


Beijinhos!


"Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal" Rm 12:10


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